63 Organizações no combate à privação em Cascais

O combate à pobreza e à privação material no concelho é um compromisso entre as organizações da sociedade civil e a autarquia. São muitas e diversificadas as entidades que se unem para procurar soluções para as necessidades dos munícipes, em especial, dos mais vulneráveis.

A pobreza tem uma natureza multidimensional complexa e a sua face mais visível é a pobreza monetária mas não são esquecidas também outras dimensões de conforto e bem-estar, que podem não estar asseguradas.

Vereador Frederico Pinho de Almeida

De acordo com Frederico Pinho de Almeida, Vereador da Habitação e Desenvolvimento Social, Promoção de Saúde e Educação o município aposta já há vários anos, através dos gabinetes de intervenção social, numa intervenção direta e de proximidade com os munícipes, “numa tentativa de resolução das suas necessidades, nas várias áreas, desde a habitação, apoio alimentar, acesso à saúde, entre muitas outras”. Este responsável sublinha que se trata de “um trabalho absolutamente fundamental, que começa nesta relação com os munícipes.”

Respostas articuladas

A autarquia apoia financeiramente os agentes que estão no terreno, que se organizam entre si em parceria, cooperando e inovando, de forma a garantir a este público um apoio qualificado.

A Plataforma de Recursos de Apoio na Privação Material (PRAPM) é um excelente exemplo deste modelo de funcionamento entre entidades. No seu âmbito, são concedidos aos munícipes inúmeros apoios que passam por áreas tão diversas como o apoio alimentar, o Programa Cascais+Solidário,  os apoios pecuniários, a resolução de situações de emergência na habitação, os Gabinetes Dívida Zero para famílias em situação de sobre endividamento, o Protocolo das Farmácias ou o Banco do Bebé.

Uma atenção especial à dignidade dos destinatários

Os anos da crise financeira aumentaram a procura de serviços de apoio social e reforçaram a preocupação da autarquia em não estigmatizar e expor as pessoas que deles precisavam. Frederico Pinho de Almeida explica que a Câmara não procura apenas “tentar conceder os apoios e respostas para colmatar as necessidades das famílias e das pessoas, mas esforça-se por fazê-lo de uma forma digna”. Segundo o Vereador, “era preciso mudar o paradigma, “o exemplo das mercearias sociais é excelente, as pessoas têm pontos num cartão, têm um crédito mensal e gerem” segundo as suas necessidades.

Mercearia do Centro – Centro Comunitário e Paroquial de Carcavelos

De acordo com Luísa Cipriano, Chefe de Divisão de Desenvolvimento de Recursos Sociais, o futuro do apoio alimentar em Cascais tenderá a passar por uma maior variedade dos formatos das respostas, que passarão a dar às pessoas mais autonomia e capacidade de escolha. Neste contexto, vai ser lançado em breve o projeto CARD, junto de um conjunto selecionado de famílias apoiadas em instituições do concelho. Estas terão acesso a um cartão com um plafond mensal, que poderá ser gasto numa superfície comercial, de acordo com as suas necessidades específicas, sem distinguir quem faz as compras de qualquer outro consumidor.

Uma grande variedade de desafios e respostas

O combate à privação material tem diversas vertentes. Em Cascais, as entidades desenvolvem uma intervenção muito variada com um amplo leque de objetivos. Estudos recentes sobre a vivência da pobreza em Portugal mostram que a inversão de percursos de vulnerabilidade, passa por estabelecer uma relação entre as capacidades individuais e as oportunidades sociais.

Conferência Vicentina de Trajouce, Loja Social Girassol, Bebé ao Colo – AJU

Assim, são conjugados no território recursos sociais, projetos de intervenção e diversas soluções integradas

Existem projetos que visam, por exemplo, melhorar competências parentais outros que apostam na reutilização de bens e o combate ao desperdício, etc. O empenhamento da comunidade também é um fator decisivo no combate a esta realidade, pois muitas respostas são exclusivamente asseguradas por voluntários que cedem parte do seu tempo a quem mais precisa.

 

A fórmula que resulta

O sucesso da intervenção deve-se, segundo Frederico Pinho de Almeida, “ao mérito das instituições, ao trabalho em parceria e ao apoio financeiro da autarquia, um trabalho interinstitucional que faz toda a diferença” e no qual Cascais é inovador e pioneiro.

Neste Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza o Vereador diz estar orgulhoso do trabalho consolidado nesta área e da marca diferenciadora que é a atenção dada à dignidade das pessoas, uma abordagem que Cascais “quer continuar a reforçar”.

Estar próximo de quem precisa

O município de Cascais tem oito gabinetes de atendimento social, situados nos locais com maior incidência de situações de pobreza e de exclusão social, que são responsáveis por cerca de 5.800 atendimentos anuais. Funcionam num regime de porta aberta e acompanham, de forma individual e em estreita articulação com os parceiros locais, todos os munícipes que os procuram.

Gabinete Mais Perto de Matos Cheirinhos

Destacamos algumas organizações e projetos que fazem parte destas respostas em rede, que trabalham no desenvolvimento de competências pessoais e sociais e permitam às pessoas mais vulneráveis passarem a ter controlo sobre os seus percursos de vida.

Para conhecer todas as organizações que atuam no concelho no combate à privação consulte aqui o Guia de Recursos.

17 de Outubro de 2019
Isabel Ganilho