Com residentes estrangeiros oriundos de mais de 120 países, Cascais é cada vez mais um concelho do mundo e um dos mais diversos do país. A longa tradição acolher bem quem vem de fora, confirmada por dados que mostram que 26% dos munícipes dizem ter 4 ou mais amigos de nacionalidade diferente, é ilustrada também pelo trabalho desenvolvido pelas entidades da Rede Social, que se têm vindo a adaptar a esta realidade promovendo uma “gestão positiva da diversidade”.
Novos desafios todos os dias
As escolas são algumas das entidades que se deparem com novas e crescentes exigências no trabalho que desenvolvem, decorrentes da diversificação dos seus públicos ao nível linguístico, hábitos alimentares ou normas de convivência, entre outros aspetos. Rodrigo Gomes, professor na EB1 Afonso do Paço, do Agrupamento de Escolas da Parede, tem atualmente em sala de aula estudantes de Portugal, do Brasil, da Republica Checa, da Rússia e de Itália. Para ele, hoje “o grande desafio da Escola é desenvolver práticas pedagógicas integradoras, que contemplem a diversidade e conduzam a uma igualdade de oportunidades numa perspetiva multicultural”.
O desafio de lidar com a diferença valorizando a individualidade de cada indivíduo é defendido também por Fátima Souto, responsável pela IPSS IDEIA. Apesar da sua organização ter privilegiado desde sempre esta abordagem, reconhece que a chegada de utentes de outros países “tem alargado ainda mais o leque da diversidade” com a qual a equipa trabalha e tem “aumentado a sua consciência sobre o facto de sermos todos diferentes”. Entre os vários desafios que tem encontrado no trabalho com pessoas de outras culturas, Fátima Souto destaca as “dificuldades de comunicação com algumas mulheres africanas”, que procuram o apoio da sua entidade, mas “não dominam a língua portuguesa”.
O contributo da autarquia
Estes e outros desafios que vão surgindo no terreno levaram a que, também a Câmara Municipal de Cascais, formasse uma equipa que visa, entre outros objetivos, facilitar o trabalho das organizações com os seus novos públicos. A Mediação Municipal Intercultural (MMI) dá apoio às equipas técnicas das escolas, centros de saúde, IPSS, hospitais ou outras instituições do concelho, a melhor adequarem as respostas e serviços que disponibilizam a quem vem de fora. Um trabalho que é, também para quem o faz, fonte de constantes aprendizagens.
Umera Assanali, mediadora, tem agora uma especial atenção à cultura das pessoas que atende e sabe que pode ser especialmente importante a forma como cumprimenta, como olha ou não diretamente nos olhos de alguém ou como valoriza mais ou menos o papel da família alargada em escolhas e decisões que devem ser tomadas. Uma atenção particular que é partilhada pelo seu colega mediador Natã Ie, que conta que este trabalho tem a vantagem de lhe “permitir contactar com a diversidade quase diariamente e estar sempre a aprender coisas nova sobre outras culturas”.
Uma experiência que se multiplica por todo o concelho
Esta mesma experiência de aprender com quem vem de fora é protagonizada hoje um pouco por todo o concelho, em muitos outros encontros informais e anónimos, que juntam cascalenses portugueses e outros que chegaram de fora. Estes dias o município promove uma campanha que divulga histórias reais de músicos, desportistas, estudantes e empreendedores locais, entre outros, que contam como através destes encontros mais ou menos inesperados, “descobriram o mundo em Cascais”.
Respostas a que as organizações podem recorrer para o apoio à integração de imigrantes
- Mediação Municipal Intercultural de Cascais pode ser contactada através do telefone 21-4815246/7 ou por email, para o endereço: mmi@cm-cascais.pt
- Em estreita ligação com as associações de imigrantes, Casa do Brasil e Centro Cultural Moldavo, está disponível um atendimento especializado na Loja Cascais e a parceria com a Cáritas Diocesana de Lisboa permite ter esta resposta de forma descentralizada, CLAIM Cascais nos Gabinetes Mais Perto da Câmara Municipal de Cascais.
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