História da Ana

Sou educadora há 32 anos. Quando fiz estágio, havia uma coisa muito engraçada que nós chamávamos o caderno das mensagens, dos recados e que funcionava como o correio entre a escola e casa. Quando vim para trabalhar para o Centro Paroquial de São Vicente trouxe a ideia comigo e foi o que passámos a usar para comunicarmos com os pais. Era ali que as mensagens iam e vinham. Os pais sabiam que os cadernos estavam nas prateleiras nas salas e iam buscar quando queriam deixar um recado qualquer. Ou então também ia para casa e depois voltava.  

Nesse tempo os trabalhos das crianças estavam arquivados num dossier, tipo portfólio, onde colocávamos as coisas que elas iam fazendo ao longo do ano letivo. Estava dividido na área da linguagem, da matemática e da expressão plástica, as atividades eram mais dirigidas e a criança tinha que estar ali sentada a fazer a tarefa. Havia uma certa obrigação de ter que registar em papel se ela sabia se não sabia, se tinha atingido o objetivo. Isto levava a que os trabalhos tendessem a ser todos um bocadinho iguais e acabava por não se respeitar tanto a individualidade da criança. 

Quando soube que íamos ter a plataforma digital para tratar dos processos das crianças e comunicarmos com os pais, fiquei um bocadinho triste e de pé atrás. Sou da velha guarda, sempre gostei de manusear papel e caneta e de escrever eu própria. Sou mesmo apaixonada por papel e caneta e fui sempre um bocadinho alérgica, entre aspas, às novas tecnologias. Em minha casa, os meus irmãos tinham computadores daqueles muito antigos e eu nunca me interessei, nem nunca quis mexer.   

Mas depois de ter tido a formação sobre a nova aplicação e de ver como funcionava, realmente pareceu muito prático e muito facilitadora. Estou muito satisfeita e agora não quero outra coisa. 

Por exemplo, agora a nossa relação com a família é muito mais próxima, mais direta e muito mais rápida, não tem nada a ver. No mesmo dia, passado poucos minutos, podemos estar a receber respostas e a fazer perguntas e a saber tudo. O que não acontecia a não ser que pegássemos num telefone. Aqui fica tudo registado através da plataforma. Os pais também enviam informação sobre como foram os fins de semana das crianças, por exemplo e nós aproveitarmos para explorar esses assuntos em grupo. Ao nível das atividades, há um registo momentâneo que nos permite ir preenchendo os parâmetros curriculares. Fica tudo compilado, o que nos ajuda imenso a planificar o nosso dia. 

A adaptação para os pais, também foi muito fácil. A maioria são muito jovens, estão habituados a mexer em tecnologia e uma vez que gostam de comentar e dar a opinião, interagimos muito mais. Quando apareceu a Covid, nós já estávamos preparados: tínhamos aulas síncronas e foi possível continuar a ter atividades. Enviávamos a informação pela plataforma e foi possível criar um intercâmbio muito giro entre a casa e a escola.