IV Jornadas da Primeira Infância chegam ao fim: uma iniciativa de uma Plataforma com vida própria

Decorreu neste sábado, dia 19 de novembro, no auditório da Casa das Histórias Paula Rego, a terceira e última sessão das IV Jornadas da Primeira Infância dedicada ao tema “Olhar a Primeira Infância em Processo de Mudança”, promovidas pela Plataforma Crescer Melhor em Cascais.

Nesta última sessão o enfoque foi para as famílias de hoje, a parentalidade, a conciliação da vida familiar com a vida profissional e o envolvimento da comunidade tendo os oradores convidados partilhado os seus conhecimentos, reflexões, experiências, inquietações e desafios nessas áreas.

Os diversos “Olhares” sobre as IV Jornadas

De um membro da Plataforma Crescer Melhor em Cascais

Laura Côrte-Real, CESPA – Centro Social da Paróquia de N.ª S.ª da Conceição de Abóboda e membro da Plataforma Crescer Melhor em Cascais, conta que “é um gosto fazer parte deste compromisso partilhado na valorização da primeira infância. Fazer parte da preparação destas jornadas é um sentimento de que estamos cá com o compromisso, pensando nos profissionais e nas famílias, sempre com a criança no centro”. Face à questão de se neste contexto de mudança, estarão as creches a cumprir o papel de apoio às famílias e aos desafios da parentalidade, Laura Côrte-Real afirma que “com certeza que sim, ao longo destas sessões temos visto e temos comprovado que há um grande investimento na primeira infância”. Em relação ao futuro a aposta “é continuarmos a investir tendo como pano de fundo as inquietações e os desafios das famílias, pensarmos numa intervenção tendo no centro a criança”. E conclui dizendo que “a Plataforma é o ponto-chave para fazer a agregação de parcerias e de resposta às famílias”.

De uma Educadora de Infância

A educadora de infância, Andreia Godinho, na Creche “O Botãozinho”, refere que enquanto educadora de infância estas jornadas têm sido fantásticas. Na 1ª sessão “falamos sobre as crianças e a necessidade de pararmos para observarmos, escutarmos e vermos que crianças são estas que temos ao nosso cuidado” e a 2ª sessão da jornadas “contribuiu para percebermos quem somos nós enquanto profissionais, enquanto instituições e aprendermos a cuidar de nós”. Em relação à última sessão, Andreia Godinho, salienta a empatia que os educadores têm que ter com famílias, que fazem parte do processo. E alude que “enquanto profissional é fundamental pararmos para conseguirmos repensar as nossas práticas, ou seja, parar, refletir, reavaliar, replanear, e voltar a avaliar, e voltar a fazer”.

Dos Pais

António e Carolina Graça, pais de duas crianças de quatro anos e seis meses, consideram que “é um privilégio podermos falar com gente tão experiente e que sabe muito mais de educar que nós” e acrescentam que “os educadores acabam por ser a ponte e são quem nos ensina muito vezes até a conhecermos os sinais dos nossos filhos”. O casal Graça considera que “este tipo de iniciativa é obrigatória e é para continuar, porque nós precisamos dela, as famílias precisam dela”.

De um membro do grupo de coordenação da Plataforma Crescer Melhor em Cascais

Em tom de balanço Rafael Pereira, Centro Comunitário de Tires e membro do grupo de coordenação da Plataforma Crescer Melhor, destaca a fantástica adesão a estas Jornadas. Foram “três sessões que desafiaram a pensar e a intervir, criando-se um espaço de debate muito saudável e rico de partilhas”.

Afirma que “iremos continuar com esta iniciativa, continuando a inovar, a trazer novas temáticas, novos oradores, novos desafios” e ressalta que as Jornadas assumem-se como “um momento imprescindível na caminhada de todas as organizações, do trabalho em rede, do sentido coletivo de continuar a garantir a construção de práticas comuns que têm como objetivo último qualificar o trabalho em contexto de creche com as crianças e suas famílias e a comunidade envolvente”.

Rafael Pereira assegura que numa “plataforma viva e consciente dos seus desafios, reside a convicção profunda de que só em rede, em parceria, conseguimos continuar a trilhar este nobre caminho” e conclui que “com a consciência de que o que temos de mais certo é a mudança, estamos cientes de que juntos, em trabalho colaborativo, continuaremos a construir a esperança, acompanhado as crianças de hoje que serão os adultos de amanhã”.

Sessões anteriores das Jornadas

Nas sessões anteriores, realizadas a 22 de Outubro e 5 de Novembro, o foco esteve na noção de criança enquanto sujeito com ação, vez e voz, na importância de uma abordagem holística da criança e dos seus mundos e nas implicações que estes pressupostos têm na vida da creche e nas práticas pedagógicas.

Foi, igualmente, abordada a temática da pobreza infantil, os seus impactos no desenvolvimento e oportunidades de vida, a necessidade de rutura com um destino de pobreza e vulnerabilidade social e situação dos serviços e cuidados na infância e na educação.

As instituições e os profissionais também foram protagonistas destas IV Jornadas! Os oradores ressaltaram a importância da valorização dos profissionais, das carreiras, do enquadramento legal da resposta creche e dos desafios e constrangimentos dos novos modelos de financiamento.


Veja ou reveja o video do primeiro dia das Jornadas.

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21 de Novembro de 2022
Isabel Ganilho