Maus tratos a crianças e jovens: Pandemia aumenta a importância da prevenção

Entre os últimos meses de março e de agosto, após o confinamento obrigatório, aumentou o número de denúncias deste tipo de situações relativamente ao mesmo período do ano anterior.

Os dados são da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Cascais que, apesar de estar a ter menos sinalizações durante o período do estado de emergência já temia este aumento. Um quadro que tentou mitigar com o lançamento de uma campanha de sensibilização para a prevenção, que foi dirigida à comunidade.

De acordo com Ana Zina e Sandra Tavares, técnicas da CPCJC, “a problemática mais sinalizada neste período foram situações de crianças vitimas ou exposta a violência doméstica. No período entre março a agosto de 2020 foram abertos 270 novos processos de promoção e proteção, números que traduzem um aumento dos valores do mesmo período de 2019, durante o qual foram abertos 248 processos.”

Segundo a Ordem dos Psicólogos, o contexto de pandemia pode potenciar situações de tensão, conflito e violência doméstica. A obrigação de partilha do mesmo espaço, a perda de emprego ou rendimentos criam stress às famílias e, quando já existem dinâmicas relacionais disfuncionais, dificuldades de comunicação e/ou consumos de substâncias psicoativas, estão criadas as condições para a ocorrência de atos de violência, que podem atingir também as crianças direta ou indiretamente.  

Ana Zina e Sandra Tavares, deixam um apelo a todas as organizações com competências de intervenção na área da infância e juventude para que se mobilizem na prevenção dos maus tratos aos mais novos, contribuindo assim para que Cascais seja um concelho onde se promovem os Direitos da Criança de uma forma plena. No seu entender, “só desta forma será possível uma intervenção mais eficiente e com efeitos a médio longo prazo na prevenção dos maus na infância e juventude”. Estas responsáveis salientam ainda “a necessidade de uma intervenção cada vez mais precoce, ao nível da 1ª infância e na formação de competências parentais.”

Seguindo esta linha de prioridades, as entidades da Redes Social de Cascais prevêem no seu Plano de Iniciativas desenvolver respostas a dois níveis: Por um lado, junto das famílias, promovendo formações, seminários e grupos de pares de pais de adolescentes, entre outras, que promovam competências educativas e relacionais. E por outro lado dando uma especial atenção à sensibilização da comunidade. O lançamento de campanhas de sensibilização de combate à violência doméstica e aos maus tratos e ações de divulgação da Convenção dos Direitos da Criança, são algumas das iniciativas planeadas.

9 de Setembro de 2020
Isabel Ganilho