Com o regresso das pessoas idosas aos Centros de Dia, que estão a reabrir depois de quase um ano com a atividade suspensa, os efeitos da pandemia nas pessoas dos grupos etários mais avançados tornam-se ainda mais visíveis e começam a ser avaliados pelas equipas técnicas, que procuram ajustar e melhorar respostas.
Devido à COVID-19, os utentes destes equipamentos passaram a receber cuidados nos seus domicílios ou ficaram entregues às famílias, mas mesmo assim, muitas pessoas regrediram nas suas capacidades cognitivas e motoras e, em muitos casos, é necessário rever a abordagem de que os idosos precisam.
Sandra Afonso, técnica do Centro Comunitário de Tires conta que algumas pessoas “vieram bem, mas há outras que não vieram tão bem”. Agora é altura de avaliar caso a caso os efeitos da pandemia, nomeadamente os impactos do “afastamento abrupto e da quebra de socialização” que “agravaram os problemas associados ao isolamento e à solidão”.
Apesar deste regresso “ser o dia da liberdade”, como afirmava uma utente do Centro Comunitário de Tires, o retorno à instituição não se fez da mesma forma. Sandra Afonso refere que a “alegria e a boa disposição” que reinavam “foram acompanhadas também de algumas novidades nas rotinas”.
Desde a chegada da carrinha até à distribuição dos lugares, tudo obedece a novas normas impostas pelas medidas de segurança ainda em vigor. A ausência de parte das atividades começou por ser vista com estranheza, mas nos próximos tempos o regresso à normalidade vai ter de ser gradual e adaptado ao regresso faseado dos utentes que, sublinha Sandra Afonso, “só podem regressar após serem vacinados, para se construir uma imunidade de grupo”.
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Para dar suporte aos novos desafios, as equipas técnicas que trabalham com este público alvo vão poder contar, em breve, com os resultados de um estudo sobre o isolamento e a solidão dos idosos, realizado pelo ISCTE e pela Escola Superior de Alcoitão.
Frederico Costa, técnico da Câmara Municipal de Cascais, explica que a ideia de realizar esta investigação surgiu na sequência de uma consulta aos membros da Plataforma Envelhecer Melhor em Cascais, que funciona com três grupos de trabalho. “A problemática do isolamento e da solidão nas pessoas idosas pode parecer um dado adquirido”, salienta, mas “a pandemia expôs ainda mais esta vulnerabilidade, que precisa de ser conhecida com maior rigor”.
Seguindo a tradição de, em Cascais, as soluções para os problemas serem pensadas em conjunto, num amplo enquadramento que permite equacionar problemas comuns, esta reflexão faz-se no âmbito de redes de parceria como a Plataforma Envelhecer Melhor, que agrega as organizações que têm respostas de Centro de Dia, Serviço de Apoio Domiciliário e Estruturas Residenciais para Idosos. Foram os membros da Plataforma que se lembraram da ideia do estudo e a sua implementação vai agora ser acompanhada pelo seu grupo de trabalho responsável pela área da saúde.
Neste contexto colaborativo, incentivado e protagonizado entre as organizações do concelho, destaque ainda para a qualificação dos profissionais que trabalham nas próprias instituições. Segundo Diana Paixão, da Cercica, que coordena o grupo de trabalho da Plataforma dedicado à formação, nos últimos dois anos realizaram-se ações de formação para técnicos e ajudantes de ação direta, nas áreas da comunicação e da gerontologia e está atualmente a ser equacionada a criação de um espaço para partilha de boas práticas. Neste contexto, as equipas técnicas beneficiam ainda de uma supervisão regular, que trará sem dúvida particulares benefícios num tempo de tantas mudanças e novos desafios.
Ligações e contactos úteis
Câmara Municipal de Cascais | Divisão de Desenvolvimento de Recursos Sociais
Telefone: 214 815 273 | E-Mail: ddes@cm-cascais.pt